Gloria é ascensorista na UERJ. Passa os dias presa num elevador, subindo e descendo alunos e professores, levando-os rumo à realidade deles, muito diferente da sua própria vida. Ela foi criada e vive até hoje no Morro da Providência. Filha de um pai abusivo, quando se vê livre dele, passa para as mãos de um irmão, chefe do tráfico, que mesmo preso, ainda se faz presente e exerce enorme influência sobre a vida de Gloria. Camila é uma jovem psicanalista portuguesa que está no Brasil para estudos de pós-graduação sobre violência na UERJ, onde começa a atender Gloria em seu consultório. Camila é estrangeira e deslocada em meio ao cáos de uma cidade desigual, ruidosa, hostil, em constante transformação, perdida em uma dinâmica que ainda não compreende bem, mas que muito a interessa. Assim como Gloria, Camila também guarda em segredo partes de seu passado que a levaram ao Brasil. Encerradas em uma sala, Camila e Gloria começam a desenvolver uma relação de proximidade e, mesmo que de forma contida, de afeto. Um vínculo inicialmente improvável se estabelece entre as duas, e num contundente caso de contratransferência entre analista e analisando, esse vínculo extravasa as barreiras do consultório. Com intensidade, com violência, com a mesma força das britadeiras que quebram as ruas da cidade, reformando-a para os Jogos Olímpicos, martelam a cabeça da analista pensamentos sobre a história da paciente. Esta, por sua vez, já não é a mesma Gloria: agora se espelha e inconscientemente inveja a vida de Camila. Medo, traumas, ação e obsessão se mesclam em um jogo de prazer e culpa, loucura e sanidade, construção e desconstrução – do Rio de Janeiro urbano, que permeia Camila e Gloria, e, sobretudo, de suas próprias vidas.