Documentário sobre os disparates da produção de alimentos no mundo. Começa com o desperdício de pães, toneladas deles são jogadas no lixo diariamente por terem apenas dois dias de fabricação. Alimentos ainda bons para o consumo vão para o lixo para satisfazer leis de consumo. Depois, vemos a pesca artesanal, a qualidade dos peixes que são trazidos diariamente ainda frescos e faz a comparação com a pesca industrial, em que navios ficam de quinze a trinta dias no mar e trazem toneladas de pescado, mas sem a mesma qualidade e já com um certo grau de putrefação. A Europa, em breve, acabará com toda a pesca artesanal e esses profissionais serão absorvidos pelas indústrias. Depois, vemos as plantações e as diferenças entre alimentos gerados a partir de sementes naturais e sementes transgênicas. Para falar da devastação das matas, eles vieram ao Brasil e mostraram como as plantações de soja no Mato Grosso destroem a floresta amazônica. Noventa por cento desta soja é exportada para servir de ração para as criações européias de animais de abate, o que gera a conclusão de que esses bichos estão comendo nossas florestas. A fome no sertão de Pernambuco também é mostrada e também como muitas pessoas vivem sem água potável, bebendo de fontes contaminadas e adoecendo com isto. O processo de criação e abate de aves na Europa e sua crueldade. O final não poderia ser mais revoltante: em uma entrevista, o presidente da Nestlé, empresa presente em todos os cinco continentes, entoa seu discurso retrógrado e anti-humanista e chega a afirmar que a água deve ser toda privatizada e comercializada de acordo com um preço definido pelo mercado e que quem não tiver condições de pagar pelo produto que viva sem ele (como se isto fosse possível). Dados da FAO (Food and Agriculture Organization) são evocados por um comentarista que permeia todo o filme para mostrar que a produção atual de alimentos é mais do que suficiente para alimentar toda a população do planeta e, por conseguinte, cada uma das milhares de mortes diárias causadas pela fome é criminosa e vem da ganância e do descaso para com a vida humana. Não é um documentário modernoso, nem tem edição clipada, efeitos especiais ou computação gráfica. É bastante sóbrio e lento. E revoltante e indigesto.